Às vezes me perco dentro de mim, e Clarice sempre me ajuda a me reencontrar, e mesmo que se perder também seja caminho, eu prefiro me encontrar, e me encontrar com Clarice, e em Clarice, ler esta tão louca e tão normal mulher, faz com que eu retorne a mim.
"Irei visitar teus contos com mais frequência doce Clarice, e assim me reencontrar e retornar ao que sempre fui, mas que de vez em quando esqueço, só pra poder te encontrar de novo e de novo. Entretanto, não precisarei mais me perder para te encontrar, pretendo me encontrar contigo todos os dias e assim eu hei de fazer, porque tua escrita me faz ser quem eu sou e disso eu não quero mais esquecer."
Desde que conheci o primeiro conto de Clarice, senti algo diferente com aquele conto, naquele ano em que escutei pela primeira vez de um professor, "Felicidade Clandestina", nossa, foi algo indescritível, realmente como disse a própria Clarice: "Ou toca, ou não toca." E "Felicidade Clandestina" me tocou e fizera eu sentir algo que só sinto com Clarice.
Talvez eu tenha o devaneio de me sentir a própria Clarice às vezes, e talvez seja daí que venha todo este sentimento, toda esta paixão que sinto. Ah, quem me dera ter um pouco do talento de Clarice, isto é apenas como sinto ao lê-la, ao ser tocada por tuas palavras que por muitas vezes lembraram-me quem eu sou.
"Pobre daqueles que não te conhecem verdadeiramente, daqueles que em uma pequena frase, pensam que te conhecem, ah se eles soubessem o quanto és mais que tudo isso, o quanto és maior.
Mas pensando bem, se todos te sentissem igual a mim, tu não serias tão importante e tão especial."
Sinto saudades de alguém que nunca irei conhecer, é assim que fico quando longe de Clarice.
Esta é minha declaração, à pessoa que nunca verei, que nunca conversarei, mas sempre me faz bem e tenho uma admiração incrível, Clarice Lispector.
(Bianca Queiroz)