Bem-vindos ao meu blog....

Às vezes, as palavras de outras pessoas, traduzem os meus sentimentos, e os outros se transformam em mim, e em outras vezes, minhas palavras traduzem os sentimentos alheios, e eu me transformo nos outros.
Vivo nesta louca metamorfose.
-- Bianca Queiroz

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Rascunho da vida

Ele acordou, pensou em levantar, tomar um café, ler um livro, viver... Mas na cabeça dele só tinha a vontade de ficar deitado, sem pensar em nada, apenas ficar lá, fechar os olhos e imaginar como seria se tivesse força suficiente para levantar da cama. Ele não estava doente, ele não estava triste, nem zangado, apenas não tinha motivo que fosse o bastante para viver. Ficou deitado pensando em como seria morrer, se alguém sentiria falta dele, se alguém iria ao perfil dele e escrever alguma mensagem póstuma, se alguém iria procurar alguma memória nas redes sociais.

Levantou, tomou um grande copo de café enquanto assistia alguns vídeos engraçados, tentando colocar um pouco de riso no dia, após o café acendeu um cigarro, ficou pensando em quanto tempo ele estaria gastando da vida ao acender aquele cigarro. Não importava, o que importava é que cada cigarro era um pouco menos de tempo de vida. Deitou novamente, lá ficou por mais horas do que queria.

O tempo passou e ele um dia acordou querendo viver, tomou um banho demorado, escovou os dentes, fez um café e colocou leite, comeu bem, estava pensando no que faria logo depois pois tinha muita coisa que havia planejado para aquele dia e os próximos que viriam. Mas descobriu por uma casualidade que talvez não estivesse saudável, e ficou confuso de como agir, agiria como antes e não se importaria em não se cuidar e esperaria a morte chegar por meio de uma doença não tratada? Ou faria de tudo pra aproveitar a vida que agora era pequena, frágil e curta demais para tanta coisa que ele tinha que conquistar e fazer?
Praguejou não ter descoberto isso antes, teria sido feliz saber que queria morrer e essa possibilidade estaria perto mas agora é triste isso, querer viver mas não poder... A felicidade não é completa e por muitas vezes ele se imagina desistindo de qualquer plano de vida ou ida ao médico.

Irônico. Quando ele mais queria morrer a vida lhe era generosa para prometer uma longa jornada, mesmo que com mais dores que flores. Agora que ele pensa em viver provavelmente está com os dias contados e a vida lhe parece pregar uma peça. Ele vive assim, adiando o que fazer porque não sabe o que sente mais: a vontade antiga de não fazer parte de um mundo que tanto sofreu ou tentar viver ao máximo lutando para viver o que ainda resta antes de ser tarde demais?

"Eis a questão."

- Bianca Queiroz

terça-feira, 3 de julho de 2018

Difícil?

Não é difícil superar alguém, difícil é superar o machucado profundo que esse alguém deixou e nem sequer olhou para trás para te ver sangrar, te deixou lá, morrendo sozinha no sangue e solidão, nem sequer olhou em teus olhos antes de te cortar tão profundo e de forma tão feroz.
Não é difícil esquecer alguém, é difícil esquecer as palavras atiradas à queima roupa direto no peito. E você cai feito pedra, você cai e fica com a ferida exposta por dias, meses, algumas vezes por mais tempo, até alguém chegar e curar bastante essa ferida, mas você sabe que a cicatriz permanece lá, para te lembrar de quando a pessoa que disse que jamais te machucaria te jogou de um precipício sem nem pestanejar e mesmo que não tenha sido o teu fim, foi o fim de alguma coisa, um pouco de ti morreu naquele momento hediondo.
Você nunca vai superar ou esquecer o que aconteceu, mesmo que esqueça o alguém, mesmo que nem saiba como deixou aquilo acontecer. Você supera a pessoa mas a ação jamais será esquecida.

— Bianca Queiroz