O solitário

Solidão, um estado construído

Pela incapacidade de mostrar a dor

Daquele todo sentimento corroído

Que é sentir a falta de amor

Amor que eu não consigo mostrar

Que eu mesmo não consigo receber

Falta imensa de fazer coração palpitar

Que não aceito que possa um dia merecer

Sentimento cruel que eu mesmo causei

Não sou vítima e nem nunca fui

Quando eu mesmo me esquivei

De tudo de bom que do coração flui

Ah, quem dera voltar no tempo...

Mas não é e nem seria solução

Não aprenderia que o quê mais temo

É esse imenso vazio no meu coração

— Bianca Queiroz

Hipocrisia

Ato que não se cumpre

Ideia internalizada

O ser que sucumbe

Na mente malograda

Palavra sincera dita

Se corroe totalmente

Na atitude maldita

De fazer diferente

Sinistra criatura

Surge a nós

Aparência imatura

E ato algoz

Segue e não cala

Comumente se defaz

Repetindo a fala

Daquilo que nunca faz

— Bianca Queiroz

Reencontro

Aos poucos sinto-me voltando a ser quem eu nunca deveria ter deixado de ser. Nesse processo tenho sentido diversas dores, algumas antigas, já calejadas e outras novas ganhadas com a experiência dos anos que já não voltam.

Apareceram medos novos, voltaram alguns dos antigos também, mas sinto que consigo lidar melhor com eles agora, depois de anos eu consigo conversar com eles de uma forma mais leve, diria que até não causam tanto medo quanto antes.

Sinto o vazio do reencontro de mim mesma, me perdendo entre quem eu era, quem fui, quem eu deveria ter sido, e principalmente, quem eu poderia ter sido... Ah! Os anos que não voltam, as palavras engolidas, os sonhos que deixei de sonhar...

Talvez eu perceba que até me perder faz parte do processo de ser eu mesma, talvez eu goste (ou tentei gostar) de me perder um pouco nos bosques da juventude inconsequente e inabalável.

No fundo eu sei que na busca incessante pelo meu eu que há muito perdi e agora tento, em meio a bagunça do tempo, reencontrar eu poderei ser eu depois de ter sido tantas outras.

-Bianca Queiroz 

Aquele clichê: sou eu e não você

Se eu sentisse raiva de ti seria fácil demais, mas eu sinto raiva de mim, do quanto eu fui inocente em acreditar em você, e de novo tive o meu coração partido por alguém que prometeu que jamais faria (não que eu jamais imaginasse que isso aconteceria, eu na verdade já esperava isso, só tinha esperança que não acontecesse dessa vez), hoje ele não dói pelo motivo de antes mas a raiva de ter deixado você entrar, feito morada e depois quebrado tudo, me consome, não tenho raiva de você, você não tem que se importar comigo, e na verdade você nem se importa, consigo ver nos seus olhos que você faz algo na intenção de me machucar, ofender, agredir indiretamente então tá tudo bem, eu só preciso aprender a lidar com a minha culpa e aprender a ME perdoar, porque eu sei que se eu soubesse que tudo iria ser daquele jeito eu talvez tivesse repensado algumas coisas.

Fico feliz com a sua felicidade, de verdade eu fico feliz, como diz no filme "eu te amo, amo muito mas eu não gosto mais de você", só não consigo ser mais expressiva em relação a isso porque eu lembro de tudo que eu, em vão, deixei acontecer. 

Está tudo bem!

Desejo tudo de bom e que cada dia mais a sua felicidade aumente. Meu problema não é com você, é comigo mesma e não sei quanto tempo eu vou me culpar por todo o meu passado, incluído os erros com a gente.

- Bianca Queiroz

Papo furado

Interesante como se você tem disciplina pra fazer as coisas que precisam ser feitas as pessoas já presumem que você está super bem, que você não tem precisão de um abraço, nem de atenção porque se você está levantando da cama, fazendo exercício, estudando, aprendendo algo, então você tá bem. Esquecem que o extremo do extremo é não conseguir fazer essas coisas, quando já está doente, então podemos sim estar mal, não se sentir quase nada bem e ainda sim parecer que tá tudo bem, tudo normal. Nem todo mundo tem a necessidade de se expor na internet. 

Eu espero que todas as pessoas que estão passando por isso agora consigam realmente melhorar e que seja essa só uma fase ruim.

-Bianca Queiroz